TRANSTORNO DE ANSIEDADE
Diferenciando Ansiedade Fisiológica (ou normal)
de Transtorno de Ansiedade (patológico)
A ansiedade, como sintoma isolado, é uma resposta natural do corpo humano a situações de estresse ou perigo percebido. Ela é caracterizada por sintomas físicos e emocionais transitórios, como aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, sudorese, tensão muscular e sensação de nervosismo. Geralmente, esses sintomas são breves e desaparecem quando a situação estressante termina. A ansiedade fisiológica é uma parte normal da vida e não interfere significativamente nas atividades diárias. É uma reação adaptativa que prepara o organismo para lidar com desafios súbitos. No entanto, quando a ansiedade se torna excessiva, persistente e interfere significativamente na vida cotidiana, pode ser indicativo de um transtorno de ansiedade.
Já os transtornos de ansiedade são caracterizados por uma condição mental crônica e debilitante que vai além da resposta normal ao estresse. Envolve preocupações excessivas e persistentes, acompanhadas por uma série de sintomas físicos e emocionais, como tensão muscular constante, dificuldade de concentração, desrealização, sensação de morte iminente, irritabilidade, insônia e ataques de pânico. Esses sintomas podem persistir por semanas, meses ou até anos e interferir negativamente na vida pessoal, profissional e social da pessoa.
Os transtornos de ansiedade podem ser causados por uma combinação complexa de fatores biológicos, psicológicos e ambientais. A predisposição genética pode aumentar a vulnerabilidade a desenvolver transtornos de ansiedade. O histórico familiar de transtornos de ansiedade pode aumentar o risco de desencadear estresse comumente reconhecido como causa de transtornos ansiosos. Traumas (de qualquer natureza), estresse crônico – como no trabalho, instabilidade familiar, eventos traumáticos ou experiências negativas – podem desencadear ou contribuir para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade. Experiências traumáticas na infância, como abuso, negligência, pobreza extrema, maus-tratos, separação dos pais ou perda de entes queridos, podem aumentar o risco de desenvolver transtornos de ansiedade mais tarde na vida. Situações como mudanças drásticas na vida, problemas financeiros, conflitos interpessoais ou pressão no trabalho também podem desencadear sintomas de ansiedade que necessitam ser adequadamente avaliados por um especialista para avaliação do melhor tratamento possível para o mesmo.
Os transtornos de ansiedade não são apenas um fruto do meio ambiente. Fatores de desequilíbrios nos neurotransmissores do cérebro podem desempenhar um papel no desenvolvimento de transtornos de ansiedade. Alterações na atividade cerebral e na química cerebral podem influenciar a regulação das respostas ao estresse e à ansiedade.
Existem vários subtipos de transtorno de ansiedade. Nem todos os pacientes ansiosos têm a mesma sintomatologia. Há vários subtipos de transtorno de ansiedade, incluindo: Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); Transtorno do Pânico; Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social); Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Resumidamente, explicaremos os principais transtornos de ansiedade encontrados na clínica psiquiátrica.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é um transtorno caracterizado por preocupações excessivas e persistentes sobre uma variedade de assuntos, como saúde, dinheiro, família ou trabalho. Todos têm um grau de preocupação com esses assuntos, mas o que diferencia do normal para o patológico são as gravidades do quadro ansioso, sendo as preocupações difíceis de controlar e presentes na maioria dos dias, por pelo menos seis meses. Os sintomas podem incluir tensão muscular, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração e perturbações do sono. São aqueles pacientes que não conseguem experimentar prazer em atividades que estejam realizando, já que estão tentando “antecipar” problemas que muitas vezes não vão existir ou que não são controláveis e vivem angustiados, ansiosos, com dificuldade de dormir (seja para mais ou menos), alimentar-se (para mais ou menos), esquivam-se de relacionamento interpessoal ou os mantêm de forma superficial. Geralmente, o TAG vem associado com outros transtornos mentais, sendo os mais comuns, outros tipos de transtorno de ansiedade, transtornos do humor e uso de álcool, tabaco e outras drogas, agravando assim o seu tratamento, sendo necessário um profissional especializado na área para controle dos sintomas.
Já o Transtorno do Pânico é caracterizado por ataques de ansiedade recorrentes e inesperados, acompanhados por sintomas físicos intensos, como palpitações cardíacas, sudorese, tremores, falta de ar e sensação de morte iminente. Os ataques de pânico geralmente ocorrem de forma súbita e atingem o pico em poucos minutos, causando um medo intenso de morrer, enlouquecer ou perder o controle. Frequentemente, esses pacientes perambulam em hospitais e serviços de urgência procurando uma causa física para seu sofrimento. Normalmente, o paciente chega ao consultório de psiquiatria com vários tipos de exames, em vários momentos da vida, em sua imensa maioria normais, e tem enorme dificuldade de aceitar o tratamento psiquiátrico, pois perdeu a crença de que sua patologia possa existir ou ser tratada. Entretanto, após experimentar um quadro de melhora, as frequências aos serviços de urgência ou hospitais caem vertiginosamente.
O Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) é caracterizado pelo medo intenso e persistente de situações sociais ou de desempenho, onde a pessoa teme ser julgada, humilhada ou rejeitada pelos outros. Com isso, o paciente se isola socialmente, do ponto de vista acadêmico, laboral e nos relacionamentos interpessoais. As situações temidas podem incluir falar em público, participar de reuniões sociais, comer ou beber na frente de outras pessoas ou interagir com autoridades. Muitas vezes, por terem outros parentes com sintomas semelhantes (a genética é um fator de risco), os pacientes acham que o sofrimento é comum e retardam a procura por tratamento adequado com um profissional especializado na área da saúde mental que propicia ao paciente um tratamento integrado entre psicoterapia e medicação psiquiátrica, além de suporte clínico próximo.
Já o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) caracteriza-se pela presença de pensamentos intrusivos e recorrentes (obsessão) que causam ansiedade muitas vezes crônica e que podem gerar comportamentos repetitivos, em muitos casos, bizarros (compulsões). Embora muitas vezes seja considerado um transtorno de ansiedade, o TOC é caracterizado por pensamentos intrusivos e recorrentes (obsessões) que causam ansiedade, bem como comportamentos repetitivos (compulsões) realizados para aliviar essa ansiedade. As obsessões podem incluir medo de germes, necessidade de simetria ou pensamentos indesejados e intrusivos. As compulsões são comportamentos ou rituais realizados para tentar aliviar a ansiedade, como lavar as mãos repetidamente, verificar coisas repetidamente ou contar em determinados padrões. Este é um transtorno com sintomas que, em virtude de sua gravidade, necessita-se usar antipsicóticos (antigos ansiolíticos maiores) para o controle dos sintomas de forma mais assertiva.
É necessário que um profissional especializado faça a avaliação e acompanhamento do paciente por causa da especificidade e possibilidade de mudança dos sintomas (presença de sintomas que sugerem pensamentos fora da realidade). O manejo psicofarmacológico necessita ser realizado com muita cautela e acompanhado mais frequentemente em função do tipo de transtorno encontrado em cada paciente. Cada subtipo de transtorno de ansiedade tem suas características distintas, mas todos compartilham a presença de ansiedade excessiva e perturbadora que interfere na vida diária da pessoa afetada. O diagnóstico e o tratamento adequados geralmente envolvem uma ou mais abordagens personalizadas, levando em consideração os sintomas específicos e as necessidades individuais do paciente. O tratamento destas questões geralmente envolve uma combinação de intervenções, incluindo psicoterapia (como terapia cognitivo-comportamental), medicamentos (como antidepressivos, benzodiazepínicos, antipsicóticos ou betabloqueadores) e mudanças no estilo de vida (como exercícios regulares, técnicas de relaxamento e práticas de mindfulness). O objetivo do tratamento é reduzir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e promover a recuperação a longo prazo. O tratamento adequado é fundamental para a recuperação e a melhoria da qualidade de vida do paciente.
Em resumo, enquanto a ansiedade fisiológica é uma resposta normal do corpo ao estresse, o transtorno de ansiedade é uma condição mental crônica e muitas vezes incapacitante que interfere na vida diária. O tratamento eficaz geralmente requer uma abordagem integrada que leve em consideração os fatores biológicos, psicológicos e sociais que contribuem para o transtorno e a individualidade do paciente que pode ter outras patologias associadas – tanto mentais como físicas. Abordá-la corretamente através de um profissional especializado é fundamental para o processo de recuperação do paciente. Se você se interessou pelo tema, em breve teremos mais informações acerca dos transtornos de ansiedade. Se você acha que pode ser portador de transtornos de ansiedade, procure um profissional psiquiatra qualificado para te atender, compreendendo as questões físicas e as psiquiátricas para que, assim, os sintomas sejam mitigados e o indivíduo passe a ter uma qualidade de vida prazerosa.
Até o próximo post…”
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