Dra. Cláudia Maciel

TDAH

TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade:
Sinais e Sintomas ao Longo da Vida

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neuro-biológico com fatores de risco genéticos, ambientais e sociais que afeta a capacidade de uma pessoa de manter a atenção, controlar os impulsos e regular o comportamento. Os sintomas do TDAH podem variar em intensidade e gravidade de acordo com a idade e a situação, e podem ser divididos em três categorias principais: desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Sinais e sintomas na infância:

Na infância, as alterações na atenção geralmente se manifestam como dificuldade em prestar atenção a detalhes, cometer erros por descuido em tarefas escolares ou outras atividades, dificuldade em manter o foco em atividades lúdicas ou tarefas, parecer não escutar quando falado diretamente, dificuldade em seguir instruções e completar tarefas. As crianças também tendem a falar excessivamente, mesmo quando solicitadas a ficar em silêncio, e frequentemente se envolvem em conversas com pessoas desconhecidas, aumentando o risco para sua própria segurança. No campo da hiperatividade, observamos que as crianças têm imensa dificuldade em ficar quietas, mexem-se constantemente ou têm dificuldade em ficar sentadas quietas, o que aumenta o risco de acidentes físicos. Deve-se prestar atenção às crianças que frequentemente se machucam, mesmo que sem gravidade. As crianças com TDAH frequentemente têm dificuldade com relação à impulsividade, como esperar a sua vez, interromper pessoas e atividades, muitas vezes sem uma justificativa para isso. Elas também tendem a agir sem pensar nas consequências, o que também aumenta o risco de acidentes.

Outros sintomas ou condições na infância podem estar associados ao quadro de TDAH e, se tratados adequadamente, todas as condições médicas teriam uma evolução melhor com menos sofrimento para o paciente. Crianças com obesidade, alterações de sono, devem ser avaliadas para quadros de TDAH, uma vez que crianças não tratadas com TDAH tendem a comer compulsivamente e ter um desejo maior por doces, o que faz com que a obesidade seja muito mais comum em crianças com TDAH não tratadas do que em crianças sem TDAH.

Sinais e sintomas na adolescência:

Na adolescência, os sintomas do TDAH observados na infância permanecem presentes, mas outros sintomas surgem nessa fase, o que agrava os impactos do TDAH na vida do adolescente. A alteração na atenção no adolescente se manifesta além dos sintomas da infância, com dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades longas e/ou pouco interessantes, deixando as tarefas acadêmicas, familiares e sociais frequentemente incompletas. Na fase da adolescência, observa-se uma desorganização (acadêmica, familiar e/ou social) que dificulta o gerenciamento do tempo, levando o adolescente a sentir-se frustrado e eventualmente entristecido, o que pode evoluir para um quadro depressivo. A autoestima também pode ser impactada, uma vez que casos de obesidade são mais comuns entre adolescentes com TDAH não tratados quando comparados com adolescentes sem TDAH ou pacientes adolescentes com TDAH tratados. Esse aumento de peso pode persistir e ser um fator de risco para obesidade mórbida.

Entre os adolescentes, alterações de humor rápidas são comumente associadas aos portadores de TDAH e muitas vezes são confundidas como “normais na adolescência”. Não tratados, muitos pacientes evoluem para um quadro depressivo, o que aumenta significativamente o impacto na qualidade de vida do adolescente e do adulto. Os adolescentes com TDAH não tratados têm taxas de prevalência maiores na população que faz uso, na adolescência, de álcool, tabaco, maconha ou cocaína. O uso isolado dessas substâncias impacta na vida social, laboral e na saúde do paciente e, em muitos casos, persiste e agrava-se na vida adulta.

Sinais e sintomas na fase adulta:

Até recentemente, no início da década de 90, os pacientes com TDAH adultos não eram reconhecidos como portadores desta condição. O TDAH era considerado um transtorno restrito a crianças e pré-adolescentes, não sendo tratado após a adolescência. Isso marcou negativamente o conhecimento científico do TDAH, e somente após o desenvolvimento de pesquisas mais aprofundadas começou-se a discutir cientificamente a possibilidade da manutenção dos sintomas de TDAH na fase adulta. É importante salientar que o TDAH deve iniciar-se até os 12 anos de idade, mas a presença dos sintomas persiste na imensa maioria dos pacientes diagnosticados na infância. Assim, os sinais e sintomas do TDAH em adultos têm sintomas que persistem desde a infância, que são agravados na adolescência e novos sintomas relacionados à fase adulta. Os sintomas de desatenção que começam na infância persistem na vida adulta, e muitas vezes o paciente desenvolve estratégias para mitigar os sintomas de déficit de atenção. E não, o TDAH não e uma “doença da moda”.

O TDAH quando bem investigado/diagnosticado tem uma prevalência entre 4 e 8% da população mundial. Não e uma doença rara mas também nem tampouco tão comum como percebemos hoje em conversas causais. O uso de medicação inadvertidamente traz impacto significativo na saude mental e física entre os pacientes não TDAH, que inadvertidamente usam as medicações como “bombas cerebrais”. Em um outro post futuramente abordaremos melhor este tema.

Quando se avalia um paciente portador de sofrimento mental, é necessário avaliar o paciente especificamente para sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, uma vez que os transtornos mentais podem coexistir ou surgir como consequência do TDAH. Estudos recentes sugerem que um em cada quatro pacientes com outro diagnóstico de transtorno mental também apresenta TDAH. Nestes casos, procurar um profissional capacitado no diagnóstico e tratamento psiquiátrico das duas condições é importante, uma vez que tratar apenas uma doença aumenta significativamente o risco de cronicidade e agravamento dos sintomas.

Hoje em dia, os artigos mais recentes sugerem que pessoas obesas, com alterações de sono e hipertensão precoce, devam passar por uma avaliação psiquiátrica adequada para excluir (ou não) o TDAH. E, feito o diagnóstico, o tratamento adequado é fundamental para controlar o manejo das doenças clínicas. Estudos também relatam que adultos portadores de TDAH têm uma chance maior de ocorrência de câncer, e uma das hipóteses é que o sono prejudicado desde a infância seja um fator de risco para aumentar o risco de ocorrência de câncer, de modo geral.

Mas mais importante de tudo isto é notar que nem todas as pessoas com TDAH apresentarão todos esses sintomas, e que eles podem variar em gravidade ao longo do tempo e das situações. O diagnóstico e o tratamento do TDAH geralmente envolvem uma avaliação detalhada por um profissional de saúde mental devidamente capacitado para diagnosticar o TDAH e todas as outras doenças associadas, mentais ou físicas.

Em resumo, compreender os sinais e sintomas do TDAH ao longo da vida é crucial para o diagnóstico e tratamento adequados. Se você quiser saber mais sobre este transtorno e como ele pode afetar a vida das pessoas, não hesite em buscar informações adicionais junto a profissionais de saúde mental especialistas e fontes confiáveis. Em breve abordaremos em outro post mais informações sobre TDAH. Até lá…

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