Dra. Cláudia Maciel

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Prevalência de uso de álcool e complicações físicas e sociofamiliares decorrentes do abuso de álcool

A prevalência da dependência de álcool no Brasil é um problema de saúde pública significativo. De acordo com dados recentes, cerca de 11.2% da população brasileira é dependente de álcool sendo mais prevalece entre homens. Entretanto a prevalência de dependência de álcool entre mulheres vem subindo a cada nova pesquisa. Essa alta prevalência reflete uma série de fatores socioeconômicos, culturais e psicológicos que influenciam o consumo de álcool no país.

Os impactos da dependência de álcool sobre a saúde do paciente são vastos e devastadores. Fisicamente, o abuso crônico de álcool pode levar a uma série de complicações graves, incluindo doenças hepáticas (como hepatite alcoólica e cirrose), pancreatite e hipertensão portal.

As doenças cardiovasculares também podem ser severas, variando desde arritmias até insuficiência cardíaca devido à cardiomegalia. O risco associado às alterações lipídicas inicia o processo de esclerose arterial, podendo resultar em trombose nas artérias, com risco de amputação ou até mesmo morte.

Há também uma maior suscetibilidade a infecções devido ao comprometimento do sistema imunológico, muitas vezes causado pela desnutrição e distúrbios na absorção de nutrientes devido à alteração da flora intestinal e das células absortivas do intestino, especialmente do intestino delgado. Além disso, o consumo excessivo de álcool pode causar desnutrição e deficiências vitamínicas, afetando a função neurológica e aumentando o risco de desenvolvimento de neuropatias alcoólicas, convulsões e quadros demenciais precoces, entre outros problemas.

As mulheres que consomem álcool durante a gravidez correm risco de seus bebes nascerem com uma anomalia chamada de síndrome fetal alcoólica que acarreta, dentre outros sintomas, um quadro decretado no desenvolvimento neuropsicológico da criança bem como alterações faciais típicos.

O aumento da impulsividade é outro sintoma crítico associado à dependência de álcool. O consumo de álcool afeta o funcionamento do cérebro, particularmente as áreas responsáveis pelo controle dos impulsos e pela tomada de decisões. Isso pode levar a comportamentos impulsivos e arriscados, como dirigir sob a influência de álcool, envolvimento em brigas, violência doméstica e comportamentos sexuais de risco. Esses comportamentos não apenas colocam o próprio indivíduo em perigo, mas também podem causar danos significativos a outras pessoas.

Os riscos sociais para o paciente dependente de álcool são igualmente significativos. A dependência pode levar ao isolamento social, perda de emprego e problemas familiares graves bem como problemas financeiros. As relações familiares e sociais frequentemente sofrem, resultando em conflitos, separações e divórcios. Além disso, o estigma associado ao alcoolismo pode agravar esses problemas, dificultando a busca por tratamento e apoio.

Os impactos financeiros da dependência de álcool sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) também são consideráveis. O tratamento das complicações de saúde relacionadas ao alcoolismo representa um enorme custo para o sistema público de saúde, incluindo internações hospitalares, tratamentos ambulatoriais, medicamentos e programas de reabilitação. Além disso, a necessidade de atendimento de emergência devido a acidentes e lesões relacionadas ao álcool sobrecarrega ainda mais o sistema de saúde. Segundo estimativas, os custos diretos e indiretos do alcoolismo no Brasil podem chegar a bilhões de reais anualmente, incluindo perda de produtividade e custos associados a crimes e violência relacionados ao consumo de álcool.

Em suma, a prevalência da dependência de álcool no Brasil é alta, e seus impactos sobre a saúde física, comportamental, social e financeira são profundos. Abordar esse problema requer uma abordagem multifacetada que inclua prevenção, tratamento acessível e apoio contínuo para aqueles afetados, sejam eles os próprios pacientes, seus amigos ou familiares, além de políticas públicas eficazes que possam mitigar os impactos sobre o SUS e a sociedade como um todo, como restringir venda de bebida a menores de idade, aumento da taxação de impostos em bebidas que contenham maiores quantidades de álcool e menor disponibilidade de venda de bebidas alcoólicas.

Este e um assunto muito amplo que hoje demos uma pincelada para que, no futuro, possamos abordar cada sintoma em um novo texto para compreendermos melhor os impactos do álcool e, com isso, podermos ajudar alguém que esteja atravessando este problema ou a própria pessoa que pode querer mais informações.

Se você acredita que pode ser portador de problemas relacionados ao uso de álcool procure ajuda médica especializada, informe-se melhor e acredite que, a mudança de sua vida está dentro de você.

Até o nosso próximo texto. Deixe comentários nas mensagens no @dracdmaciel e responderemos com maiores orientações. Até lá…

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