JANEIRO BRANCO
Como você está de verdade?
O ano acabou de começar. Novos planos, sonhos renovados, aquela esperança de que tudo será diferente. Mas, no meio de tantas promessas, você já parou para pensar em como está a sua mente? O seu coração? Suas emoções? Janeiro Branco é um convite para olhar para dentro e perguntar: eu realmente estou bem?
A verdade é que muitas pessoas estão carregando dores que ninguém vê. Ansiedade, depressão, compulsões, vícios… Esses fantasmas podem estar escondidos atrás de sorrisos, disfarçados em rotinas corridas, ou até mascarados por frases como “estou só cansado”.
Às vezes, a ansiedade se apresenta primeiro. Ela chega como um aperto no peito, um medo do futuro que parece fora de controle. Os pensamentos giram rápido demais, o coração dispara e o sono simplesmente não vem. É um cansaço sem motivo aparente, uma sensação de alerta constante que esgota. Em outros momentos, é a depressão que toma conta, silenciosa e pesada. Ela traz um vazio, um desânimo que não melhora, mesmo quando tudo parece estar bem por fora. É como se a vida perdesse a cor, e até levantar da cama se tornasse um desafio.
E há quem, tentando encontrar algum controle, se prenda a rituais repetitivos e pensamentos obsessivos. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo, conhecido como TOC, transforma pequenas preocupações em prisões invisíveis. Conferir portas várias vezes, lavar as mãos repetidamente ou alinhar objetos podem parecer gestos simples, mas, para quem sofre com isso, são tentativas desesperadas de aliviar a ansiedade. Só que o alívio é passageiro, e logo a angústia volta, arrastando tudo com ela.
Para escapar dessas dores, alguns procuram refúgio em substâncias. O álcool, as drogas ou até mesmo medicamentos podem parecer saídas fáceis no começo, trazendo uma sensação temporária de alívio. Mas, com o tempo, a dependência se instala, e o que antes parecia um escape vira um problema ainda maior. É como cair em um poço cada vez mais fundo, onde a saída parece distante.
Outras vezes, o sofrimento aparece disfarçado de compulsões. Comer demais para tentar preencher o vazio emocional, buscar prazer sexual como uma fuga momentânea ou apostar em jogos até perder o controle são formas de tentar escapar da dor. Mas, depois do impulso, vêm a culpa, a vergonha e o medo de não conseguir parar.
No meio de tudo isso, falar sobre o que se sente parece difícil. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer “é só uma fase” ou “todo mundo passa por isso”? Esse tipo de comentário desanima e faz com que muita gente prefira se calar. Mas o silêncio só aumenta a dor.
Por isso, o Janeiro Branco é tão importante. Ele nos lembra que pedir ajuda não é fraqueza—é um ato de coragem. Conversar com um amigo, procurar um psicólogo ou um psiquiatra, aceitar que precisa de apoio… Tudo isso é parte do caminho para sair do sofrimento e encontrar um pouco de paz.
Se hoje você sente que algo dentro de você está quebrado, lembre-se: você não está sozinho. Há tratamento, há acolhimento, e principalmente, há esperança. Cuidar da mente é cuidar da vida. E você merece viver com leveza e alegria.
Permita-se começar o ano diferente. Permita-se pedir ajuda. Afinal, o Janeiro Branco não é só um mês no calendário. É um convite para recomeçar.
2024 © Dra. Cláudia Maciel. All rights reserved. @draclaudiamaciel