OBESIDADE
Obesidade e transtornos mentais: qual sua relação?
A obesidade é uma condição multifacetada que frequentemente está interligada com aspectos psiquiátricos e transtornos mentais. Entre os transtornos mais comuns associados à obesidade estão a depressão, a ansiedade, TDAH, bipolaridade, esquizofrenia e alguns transtornos alimentares, como a compulsão alimentar.
Existe uma relação entre obesidade e transtornos mentais. Alguns estudos sugerem que certos transtornos mentais, como depressão, TDAH e ansiedade, podem aumentar o risco de obesidade, enquanto outros sugerem que a obesidade pode aumentar o risco de desenvolver transtornos mentais por uma questão social muito mais desfavoráveis aa mulheres. Fatores como estresse, baixa autoestima, sedentarismo e padrões alimentares não saudáveis podem contribuir tanto para a obesidade quanto para problemas de saúde mental. Esses transtornos podem desencadear comportamentos alimentares desordenados, levando a uma ingestão excessiva de alimentos calóricos ao longo do dia ou em um curto espaço de tempo além de ingestão de grande quantidade calórica que contribui para o ganho de peso. Além disso, sintomas como baixa autoestima e isolamento social podem dificultar a adesão a um estilo de vida saudável e a busca por tratamento para a obesidade.
A predisposição genética também desempenha um papel importante na obesidade e nos transtornos mentais. Estudos mostram que há uma herança genética significativa tanto para a obesidade quanto para certos transtornos psiquiátricos, sugerindo uma conexão entre os dois. A influência genética na obesidade é real, mas não é o único fator. Genes podem influenciar o metabolismo, a regulação do apetite e a propensão ao armazenamento de gordura. No entanto, o estilo de vida e o ambiente também desempenham papéis significativos. A obesidade pode ser considerada um transtorno aditivo em alguns contextos, especialmente quando há uma dependência comportamental em relação à comida, semelhante à dependência de substâncias. Em casos de compulsão alimentar ou dependência em alimentos altamente calóricos, há semelhanças, portanto, com os padrões de comportamento observados em transtornos aditivos.
O estilo de vida desempenha um papel significativo na obesidade. Hábitos alimentares pouco saudáveis, falta de atividade física, estresse e falta de sono podem contribuir para o ganho de peso. Adotar uma dieta equilibrada e um estilo de vida ativo pode ajudar a prevenir e controlar a obesidade.
As complicações da obesidade na população geral são vastas e variadas, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, doenças articulares, distúrbios respiratórios alteração de sono e até mesmo certo tipo de câncer. A obesidade também está associada a uma redução na expectativa de vida e a uma qualidade de vida diminuída.
Dados estatísticos mostram que a obesidade é um problema global em crescimento, com cerca de 13% da população adulta mundial considerada obesa sendo que esta taxa está aumentando também na população pediátrica e adolescência. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de um terço da população adulta é considerada obesa, o que representa um aumento significativo nas últimas décadas.
A interseção entre obesidade e saúde mental é complexa e requer uma abordagem multidisciplinar. O papel do psiquiatra é fundamental no tratamento dessa condição, ajudando os pacientes a enfrentar tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos da obesidade e trabalhando para melhorar sua saúde global.
Existem várias abordagens não farmacológicas para o tratamento da obesidade, que geralmente se concentram em mudanças de estilo de vida. Isso pode incluir uma dieta equilibrada e saudável, aumento da atividade física, terapia comportamental para ajudar a mudar padrões alimentares e de exercícios, apoio psicológico para lidar com questões emocionais relacionadas ao peso e, em alguns casos, cirurgia bariátrica. O acompanhamento médico e a orientação de profissionais de saúde são fundamentais para determinar a melhor abordagem para cada pessoa.
O tratamento farmacológico da obesidade geralmente envolve o uso de medicamentos prescritos por um médico, que ajudam a suprimir o apetite, reduzir a absorção de gordura ou aumentar a sensação de saciedade. Alguns exemplos incluem orlistat, liraglutida e fentermina/topiramato. No entanto, esses medicamentos são geralmente recomendados apenas para pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 30, ou acima de 27 se houver comorbidades relacionadas à obesidade. Sempre é importante combinar o tratamento farmacológico com mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada e exercícios físicos regulares. Algumas medicações são eficazes no tratamento da obesidade tais como:
Orlistat: Inibe a absorção de gordura pelo intestino, levando a uma redução na ingestão calórica. Complicações incluem fezes oleosas, flatulência, incontinência fecal e deficiência de vitaminas lipossolúveis.
Liraglutida: Um agonista do receptor de GLP-1 que ajuda a reduzir o apetite e aumentar a saciedade. Pode causar náuseas, vômitos, diarreia e pancreatite.
Fentermina/Topiramato: Combinação de um supressor do apetite (fentermina) e um anticonvulsivante (topiramato). Pode causar aumento da pressão arterial, taquicardia, insônia, boca seca e tontura.
Sibutramina: Atua no sistema nervoso central para suprimir o apetite. Complicações incluem aumento da pressão arterial, palpitações, insônia, e risco de AVC e eventos cardiovasculares graves.
É importante ressaltar que o uso desses medicamentos sem supervisão médica pode ser perigoso e aumentar o risco de efeitos colaterais graves, além de não serem recomendados para todos os pacientes. Sempre consulte um médico antes de iniciar qualquer tratamento para a obesidade.
Existem constantes pesquisas e desenvolvimentos na área de medicamentos para o tratamento da obesidade. Alguns dos medicamentos mais recentes ou em desenvolvimento incluem:
Semaglutida: Uma versão mais potente da liraglutida, pertencente à classe dos agonistas do receptor do GLP-1. Demonstrou eficácia significativa na perda de peso em estudos clínicos.
Tirzepatida: Um agonista do receptor do GLP-1 e do receptor de glucagon dual que está em fase de pesquisa avançada para o tratamento da obesidade e diabetes tipo 2.
Setmelanotida: Um agonista do receptor de melanocortina, atualmente em desenvolvimento para tratar a obesidade causada por deficiências genéticas específicas no sistema de controle de peso.
MGL-3196: Um modulador seletivo do receptor de farnesoid X (FXR) que tem como alvo a regulação do metabolismo lipídico e hepático. Está em fase de pesquisa para o tratamento da esteato-hepatite não alcoólica (NASH) e obesidade.
É importante ressaltar que muito destes medicamentos podem ainda estar em fase de testes clínicos ou não terem sido aprovados em todas as regiões, e devem ser usados apenas sob orientação médica. Além disso, os benefícios e riscos de qualquer novo tratamento devem ser cuidadosamente considerados para cada paciente individualmente.
A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas com obesidade mórbida (índice de massa corporal maior que 401) que não conseguiram perder peso com outros métodos, devidamente acompanhada por equipe multidisciplinar com cirurgião geral, psicólogo, psiquiatra, nutricionista. Há algumas técnica distintas de cirurgia bariátricas e, dentre eles, a banda gástrica, a gastrectomia vertical e o bypass gástrico. Os efeitos adversos agudos podem incluir complicações durante a cirurgia ou nos primeiros dias após, como infecções ou vazamento de líquidos. Já os efeitos adversos crônicos podem incluir deficiências nutricionais, obstrução intestinal e refluxo gastroesofágico. É importante discutir os riscos e benefícios com um médico antes de considerar esse tipo de procedimento.
O papel do psiquiatra no tratamento da obesidade NÃO SE RESTRINGE A FORMULAÇÃO DE LAUDO PARA CIRURGIA BARIATRICA e tratamento se suas comorbidades psiquiátricas é crucial. Além de fornecer terapia para os transtornos mentais subjacentes, o psiquiatra pode ajudar os pacientes a desenvolver estratégias para lidar com os gatilhos emocionais que desencadeiam o excesso de alimentação, de gerenciar uso de medicações, tratar comorbidade, estimular mudanças no estilo de vida. Abordagens terapêuticas como a terapia cognitivo-comportamental têm sido eficazes no tratamento tanto da compulsão quanto dos transtornos psiquiátricos associados.
Muitas pessoas obesas demoram muito a procurarem profissionais de saúde, e isso tem relação com o estima social em relação a obesidade. A procura por psiquiatras, pode ser uma abordagem sensata. A obesidade muitas vezes têm raízes emocionais, comportamentais e psicológicas, além de questões físicas. Um psiquiatra pode ajudar a abordar aspectos emocionais e comportamentais que contribuem para a obesidade, além de trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde para um plano abrangente de tratamento.
1Índice de Massa Corporal IMC= (Peso)²/ altura
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