Dra. Cláudia Maciel

TRANSTORNOS PSICÓTICOS

Afetam a percepção,
o pensamento e o comportamento

Os transtornos psicóticos são condições mentais que afetam a percepção, o pensamento e o comportamento de uma pessoa, muitas vezes levando a uma perda de contato com a realidade. Os principais tipos incluem esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, transtorno delirante, transtorno psicótico breve e transtorno psicótico induzido por substâncias. Os sintomas comuns incluem alucinações, delírios, pensamento desorganizado, comportamento desorganizado ou catatônico e falta de motivação (inclusive para a sua própria alimentação e higienização) ou prazer nas atividades cotidianas.

A esquizofrenia é um transtorno psicótico crônico que se caracteriza por uma série de sintomas, incluindo:

  1. Alucinações: Percepções sensoriais sem estímulo externo, mais comumente auditivas, como vozes que outras pessoas não ouvem.

  2. Delírios: Crenças irracionais ou falsas, muitas vezes bizarras ou paranóicas, que persistem mesmo diante de evidências em contrário.

  3. Pensamento desorganizado; Dificuldade em organizar pensamentos ou formar um discurso coerente.

  4. Comportamento desorganizado; Expressão inadequada de emoções, comportamento incomum ou imprevisível.

  5. Sintomas negativos: Diminuição da motivação, falta de prazer em atividades antes apreciadas, dificuldade em iniciar e manter atividades.

Esses sintomas geralmente afetam significativamente o funcionamento social, ocupacional e pessoal da pessoa e podem variar em intensidade ao longo do tempo.

O transtorno esquizoafetivo é uma condição mental que combina sintomas de esquizofrenia (como alucinações, delírios e desorganização do pensamento) com sintomas de transtorno de humor (como mania e depressão) durante o mesmo episódio de crise sendo uma condição complexa que pode ser difícil de diagnosticar e tratar.

O transtorno delirante, também conhecido como transtorno delirante ou paranoia, é uma condição mental em que uma pessoa mantém crenças falsas persistentes, mesmo quando não há evidências para apoiá-las. Essas crenças geralmente envolvem temas como perseguição, ciúme, grandeza ou culpa. Essas convicções podem afetar significativamente o funcionamento diário da pessoa e podem ser difíceis de serem modificadas, mesmo com evidências em contrário.

Um transtorno psicótico induzido por drogas psicoativas ocorre quando o uso de substâncias como álcool, maconha, anfetaminas, cocaína, entre outras, desencadeia sintomas psicóticos, como alucinações, delírios e desorganização do pensamento. Geralmente, esses sintomas aparecem durante o uso da droga ou durante a retirada dela. O tratamento envolve abordagens para tratar tanto o transtorno psicótico quanto o abuso de substâncias.

O diagnóstico de transtornos psicóticos geralmente é realizado por profissionais de saúde mental, como psiquiatras. Eles conduzem entrevistas clínicas detalhadas e utilizam critérios diagnósticos do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) ou CID 11 ( ainda sem tradução para o português mas implementado desde 2022!) avaliar sintomas como alucinações, delírios, discurso desorganizado e comportamento desorganizado. A abordagem pode incluir também avaliações médicas para descartar causas médicas subjacentes, uso de medicações ou uso de substâncias tais como álcool, maconha, anfetaminas, cocaína, entre outras.

Tratamento Farmacológico

O tratamento farmacológico da esquizofrenia geralmente envolve o uso de antipsicóticos, que ajudam a controlar os sintomas psicóticos, como alucinações e delírios. Os antipsicóticos típicos, como a haloperidol e a clorpromazina, foram os primeiros a serem desenvolvidos e ainda são usados em alguns casos. No entanto, os antipsicóticos atípicos, como a olanzapina, a risperidona, a quetiapina e o aripiprazol, são mais comumente prescritos devido a um perfil de efeitos colaterais potencialmente melhor. Além dos antipsicóticos tradicionais e atípicos, novas classes de medicamentos estão sendo desenvolvidas para melhorar a eficácia e reduzir os efeitos colaterais. Por exemplo, alguns medicamentos em fase de pesquisa visam diferentes sistemas de neurotransmissores, como o glutamato e a serotonina, para oferecer tratamentos mais específicos e melhor tolerados. No entanto, é importante consultar um profissional de saúde para obter informações atualizadas sobre os medicamentos mais recentes e adequados ao caso específico.

O tratamento farmacológico do transtorno delirante geralmente envolve o uso de antipsicóticos, semelhante ao tratamento da esquizofrenia. Os antipsicóticos atípicos, como a olanzapina, a risperidona, a quetiapina e o aripiprazol, são comumente prescritos devido ao seu perfil de efeitos colaterais potencialmente melhor em comparação com os antipsicóticos típicos. No entanto, é importante notar que o transtorno delirante pode ter uma resposta variável aos antipsicóticos, e nem todos os pacientes podem se beneficiar deles. Em alguns casos, o tratamento pode ser difícil e requer uma abordagem individualizada. Novos medicamentos ainda estão em desenvolvimento para abordar especificamente os sintomas do transtorno delirante, mas nenhum foi amplamente adotado até o momento. Como sempre, é essencial que um profissional de saúde acompanhe o tratamento e ajuste a medicação conforme necessário.

O tratamento para transtornos psicóticos induzidos por substâncias pode variar dependendo do tipo de substância e da gravidade do transtorno. Geralmente, uma combinação de terapia medicamentosa e psicoterapia é utilizada. Medicamentos podem ser prescritos para ajudar a tratar sintomas específicos, como ansiedade, depressão ou impulsividade. Além disso, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é frequentemente usada para ajudar os indivíduos a desenvolverem habilidades para lidar com os gatilhos e evitar o uso de substâncias. Em alguns casos, programas de desintoxicação e reabilitação também podem ser necessários.

É importante que o tratamento seja personalizado para atender às necessidades individuais de cada pessoa. O tratamento dos transtornos psicóticos induzidos por drogas geralmente envolve a interrupção ou redução do uso da substância que está causando os sintomas, quando possível. Além disso, podem ser prescritos medicamentos para ajudar a controlar os sintomas psicóticos. Os antipsicóticos são frequentemente utilizados para tratar os sintomas como alucinações, delírios e pensamento desorganizado. Os tipos específicos de antipsicóticos prescritos podem variar dependendo do tipo de transtorno psicótico e das necessidades individuais do paciente. Em alguns casos, podem ser utilizados outros medicamentos, como estabilizadores de humor ou antidepressivos, especialmente se houver sintomas adicionais, como depressão ou mania. O tratamento deve ser supervisionado por um profissional de saúde mental para garantir a eficácia e segurança.

Em suma, os transtornos psicóticos representam um desafio significativo para indivíduos e suas famílias, mas com compreensão, tratamento adequado e apoio mútuo, é possível superar esses obstáculos. No entanto, é crucial lembrar que a conversa sobre saúde mental não deve terminar aqui. Convidamos você a se juntar a nós e a comunidade em uma discussão contínua sobre como podemos promover a conscientização, reduzir o estigma e oferecer suporte às pessoas que enfrentam transtornos psicóticos. Juntos, podemos fazer a diferença.

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